Voltei a escrever. Voltei porque não há mais amor, nem vida
corrida, nem maior distração. Aliás, correria até que há, muita, mas ocupação
maior que o amor propicia á nossa mente, impossível, e isso hoje não há, não
mais.
Quando estamos amando, passamos um precioso tempo recordando
o que se viveu e até mesmo fazendo algumas modificações imaginárias na cena já
vivida, o que muitos chamariam de acreditar nas próprias mentiras, mas eu chamo
de se iludir pela inexistente perfeição daquilo que já foi vivido. E quando não
estamos pensando no que se viveu, estamos pensando na tal pessoa no geral, e se
ela não nos procura uma dia ou algumas horas, aí então que a mente não para. De
pensamentos de preocupação, zelo, dor á ódio, tudo se passa pela cabeça ao
sentir essa curta rejeição.
Há um ano eu não escrevo nada por aqui. Logo eu, que
costumava passar o tempo todo refletindo sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre
o amor e imaginando maneiras de descrevê-los por aqui, não superficialmente ou
com suas características totalmente perceptíveis, mas sim por dentro, que ainda
é a parte que mais me interessa em algo ou alguém. Pra mim vem sempre a dúvida
do que se passa por dentro, do que o outro pensou do que ele sentiu e neuras do
tipo “Será que ele não pensa, não sente, não percebe ou só faz isso tudo sem
nem mesmo saber que é algo que realmente me importo ? ’’
Voltei a escrever porque assim organizo melhor meus
pensamentos, minha neuras, meus traumas, minhas dores existenciais - que
ultimamente têm sido tantas - meus sentimentos, minhas ilusões. A vida tem sido
um tanto difícil e guardar toda essa confusão dentro de mim tem doído um pouco,
por dentro, por fora, por todo o meu ser. Será que a vida segue um roteiro
pré-determinado como todos dizem por aí? Porque se for, eu que adoro cinema e
amante da crítica de tal, digo: que roteiro desgraçado esse meu? Sabe o que é
ter o amor e perder? Amar e não ser amado? Procurar incansavelmente e só
encontrar gente babaca por aí? Ou mesmo conviver a cada dia com gente que só
quer te ver pelas costas, gente maldosa, sem escrúpulos, apenas ligada á
futilidades? É, a vida não tem sido das melhores. A sorte me alcançou, mas logo
fez questão de partir.
Acho que quem nasce com uma alma sensível como a minha, não
nasceu mesmo pra ser feliz, afinal, o que seria da arte sem os textos, livros,
pinturas, músicas, letras de quem nunca sofreu de verdade?
2 comentários:
Escrever é sempre uma forma de transbordar o que se sente, não deixar sufocar a tristeza ou explicitar a alegria.
www.lucadantas.blogspot.com
Acredito que quem nasceu com a alma sensível é tão feliz quanto é triste, no entanto todas as coisas ruins que citou nos cerca e não consiguimos ser indeferentes a elas.
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