sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Tempo, tempo, tempo...

Se tem uma coisa que eu gosto na vida é do tempo. O tempo realmente tudo cura, tudo muda, tudo transforma. O tempo - esse estranho passar de segundos, que viram minutos, horas, dias, meses, anos - apesar de ter toda minha admiração, já me fez muito triste, justamente pelo fato de que ele vive a passar. Os últimos dois anos foram de tempos difíceis, despedidas, reencontros, despedidas novamente, tudo isso com uma mesma pessoa. É, foi difícil, doeu pra caramba, parecia que a vida não estava me querendo bem. Muita coisa aconteceu, máscaras caíram, gente que eu amava e faria tudo pra passar cada segundo da minha vida, de repente se tornaram inimigos, pessoas que eu não queria nem mesmo ter conhecido, quanto mais ter que ver novamente. Acho que é por isso que sempre acho trágico todo fim de alguma relação, porque é ali que passamos a ver a pessoa até então que nós amamos e que dizia que nos amava, com um olhar mais racional e crítico. Certamente, é nesse momento que podemos ver a pessoa como ela realmente é, passado o momento da euforia do amor. E lhes garanto eu vi e ouvi muitas coisas que não queria de uma das pessoas que eu mais gostava de ter ao meu lado. Enfim, depois do fim, da aceitação do engano ou da negação de que não tem volta, tudo que nos resta é o tempo. Eu segui em frente, aos trancos, chorando muito no começo, não acreditando, revivendo em pensamento os bons momentos, investigando a vida do outro (como se me trouxesse algum alívio saber um dia que a vida dele andava mal), tentando ser forte, falhando em ser forte, tentando fingir que não me importava, mas me redimindo aos prantos na primeira expectativa de volta que o outro criara em mim, mas que não passava de mais uma das suas mentiras e eu vendo isso, tive que seguir, deixar de lado, recomeçar o ciclo da separação.

Cada dia que passava desde o dia do fim, era como se fosse a eternidade. Como o amor para mim sempre funcionou igual a um vício, tive que repetir o velho tratamento de viciados a todo tempo que parecia que ia ter recaídas, dizendo pra mim mesma "Só por hoje não". Repeti como um mantra, repeti muito, repeti por mais de um ano, nem querendo com todas as minhas forças, parecia que a dor nunca ia ter fim, o vício nunca ia ter cura, a vida nunca mais ia se endireitar. Mas o tempo passou, ainda que como se passasse em séculos, passou e um dia eu acordei e o fulano já não tomava mais os meus pensamentos a todo tempo. Vez ou outra batia aquela vontade de saber como ele estava, que é quando a gente recorre a Facebook, Instagram e até ao perfil do Linkedin do cara, mas de nada adianta, tudo bloqueado, a gente não é mais amigo na vida real, não tinha porque eu manter isso no mundo virtual. É, acho que esse bloqueio em redes sociais, embora pareça infantil, causa um alívio danado: "O que os olhos não vêem o coração não sente", não é mesmo?! Quase nada vi, quase nada sei e juntando isso ao tempo, posso dizer que estou noventa e cinco por cento curada. Os outros cinco por cento só restam, porque a mágoa é difícil esquecer. Tem fatos e palavras que doem muito na gente e quanto maior a dor, mais longo seu esquecimento. Mas fico feliz, porque hoje lembrar dele só me dói um pouco, enquanto antes me causava um misto de amor e ódio, um soco na boca do estômago, uma sensação de coração comprimido, uma tremedeira, um choro intenso que tomava quase todas as minhas noites antes de dormir e horas frágeis do meu dia. É, o tempo passou e hoje me lembrar dele dói quase nada e me dá a certeza de que uma das melhores coisas que poderiam acontecer foi a vida me tirar ele, antes que doesse mais, me enganasse mais, me fizesse perder tempo.

É, o tempo é lindo, precioso, único, gratificante, então, por favor, você que me lê agora e se identifica com o que eu passei, não perca o tempo com quem não te acrescenta, com quem te faz mais triste que feliz, com quem mente, com quem não faz questão nenhuma de estar com você, porque quando passa o amor, a gente percebe que uma das melhores coisas da vida é o tempo e não vale apena compartilhar seu tempo com qualquer um.

2 comentários:

Gugu Keller disse...

Enquanto o tolo o desafia, o sábio ao tempo se alia.
GK

meus instantes e momentos disse...

que bom encontrar seu blog outra vez...

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