domingo, 2 de outubro de 2011

Que é a vida?


Daí me perguntaram: Que é a vida pra você? E eu pensei numa fração de segundos em tanta coisa pra responder. Que é a vida para mim, senão esse amontoado de fatos em desordem, essa multidão de gente que sisma em passear ao nosso redor, dar uma volta, se exibir , nos encantar e 'tchau!'. Que é a vida, que é os sonhos, para alguém , como eu, que não entende, não define, não aceita o fato da vida ser tão decepcionante quando a gente aprende a sonhar. E os amores, se é que existem, são peças da vida, são maneiras de jogar, esfregar, escancarar na cara como somos frágeis, tolos, bobos...como somos apaixonáveis.

E que é a vida, senão eu sentada neste canto jorrando palavras no papel, idealizando, sonhando, pensando que existirá um amanhã onde tudo estará bem melhor, sem saber que os muitos amanhãs que já planejei pra me refugiar do desencantamento da vida no agora já passaram por mim, já viraram ontem, e pera aí, não foi bem como eu imaginava. Não foi nada do que eu imaginava. Não teve amor, não teve graça, não teve pelo menos dessa vez uma história feliz. Meus amanhãs se foram, viraram ontem e só deixaram o gosto amargo e a falta de notoriedade de um futuro melhor. Então se é sempre assim, por que a gente ainda insiste em acreditar num amanhã melhor, num futuro magnífico ou ''no que é nosso está guardado''? Por que, hein, me diz?!

Eu sou a garota que passa por você na rua e por um simples esbarrão, acidentalmente, posso passar a fazer parte da sua vida, mesmo que seja somente por aquele instante: o do toque desmotivado. Que é a vida, por que essas pessoas insistem entrar na nossa vida, como num esbarrão: sem nem motivos?

Li uma vez num livro que nada é por acaso, que ninguém entra na vida de ninguém sem uma razão- ainda que desconhecida por nós. Então me explica por que é que em todas as esbarradas da vida que me acometeram , não ficou nada, não restou nada, não passou nada, pelo menos pra mim, de um simples esbarrão. E eu fiz parte da vida de alguém que hoje nem lembra sequer meu nome, mas ao ver meu rosto, talvez, se a memória não lhe falar, será um rosto conhecido, e se a memória for um pouquinho mais longe, lembrará: é a menina do esbarrão, que não significou nada para mim.

Então me diz, que é a vida, se as pessoas só querem se esbarrarem, mas não estender a mão, olhar nos teus olhos e te chamar pra tomar um chá, desprovido de qualquer interesse, a não ser o de fazer aquele esbarrão, segundo o ditado da vida, não ser por acaso, a não ser em acreditar que neste mundo tão imenso e cheio de gente há uma possibilidade mínima de você esbarrar naquela pessoa ou em qualquer outra, a não ser que compartilhem um pequeno e muito estreito caminho, cheio de gente que não lhes serve de nada. Mas , enfim, se houve o esbarrão haverá algo por trás a ser descoberto. Um enigma, quase um mistério que se chama vida.

A vida são essas relações desmotivadas que estão a acontecer por aí com todos, e a gente insiste, em não acreditar que ela está nos colocando no caminho certo a todo momento e a gente foge não percebendo a menina do esbarrão, a fração de segundos que poderiam valer todas as outras incontáveis horas de nossas vidas. A gente está sempre caminhando, preocupados demais, com o amanhã pra dar valor ao esbarrão que poderia mudar todos os nossos amanhãs, e fariam todos esses ''ontens'' planejados passo a passo e decepcionantes serem tão bonitos e nos fazer entender que é a vida. E eu sigo sem saber, se um dia um desses milhares de esbarrões vão mudar a minha vida e me fazer ser alguém além da menina do esbarrão.

4 comentários:

Andressa Tavares disse...

A vida tem sempre significados que se renovam a cada dia flor..
É meio que sem sentido, mas quando você pensa em não ter mais uma vida, você fica triste porque sabe que não vai existir mais, e o que é melhor do que existir?

Fique mais um segundo... disse...

Oi, Thalita, bom dia!!
Um texto muito interessante. Você aborda um aspecto do que possa significar a vida – dentre milhares deles. Para além do aspecto sentimental sobre o qual flui seu texto, a vida também é bastante intrigante, por exemplo, nas desigualdades sociais, nos conflitos existenciais, nos dilemas dos caminhos a seguir. Você fala de esbarrão... Pouca coisa na vida sentimental não é esbarrão. A arte é, justamente, transformar um determinado esbarrão num acontecimento significativo e duradouro, e essa arte se chama relacionamento. O egoísmo, a opção pelo descartável, a falta de maturidade de nossa geração tornam essa arte uma raridade – e tudo fica pelo esbarrão mesmo. Os seres humanos não vão bem de relacionamento; só conseguem concentrar-se em quantidade de esbarrões. A vida sentimental é, certamente, muito mais do que isso.
Um abraço carinhoso
Leo

Marcella Fernanda disse...

Lindo texto ! "E eu sigo sem saber, se um dia um desses milhares de esbarrões vão mudar a minha vida e me fazer ser alguém além da menina do esbarrão." Quem vai saber né ?

Beijoss linda

Gabriela Freitas disse...

A vida é tão cheia de significados e tão difícil de explicar.
bonito texto

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